dimanche 19 mars 2017

"O Beijo da Palavrinha" de Mia Couto

Os alunos de CM1 da escola Normandie-Niémen leram a obra
O Beijo da  Palavrinha de Mia Couto.





Resumo da obra:



Era uma vez uma menina que se chamava Maria Poeirinha e nunca tinha visto o mar. Ela e a sua família eram pobres, viviam numa aldeia tão interior que acreditavam que o rio que ali passava não tinha nem fim nem foz.
Certo dia, a Maria Poeirinha adoeceu gravemente.
Como ela nunca tinha visto o mar, o tio Jaime Litorânio, homem que um dia foi morar naquela aldeia, pensava que enviá-la num barco pelo rio até ao mar, seria a cura da Maria Poeirinha, mas não resultou porque ela estava tão fraca que a viagem se tornou impossível.
O irmão Zeca Zonzo, que era um rapaz sempre com a cabeça no ar, teve uma ideia e foi buscar um papel e uma caneta.
Ele começou a escrever um “m”, depois um “a” e no fim um “r” e a sua irmã passou o dedo por cima das letras da palavra mar.  
Uma gaivota ergueu-se do leito da menina, ela foi beijada pelo mar e afogou-se na palavrinha.
Toda a família ficou muito triste por causa da Maria Poeirinha ter falecido.


MIA COUTO


Biografia

António Leite Couto (Mia Couto) nasceu na Beira,  Moçambique em 1955. É casado e Biólogo de profissão.Consultor e docente universitário, foi director da Agência de Informação de Moçambique, da revista Tempo e do Jornal Noticias de Maputo.
Publicou o seu primeiro livro em 1987 na Editora Caminho, um livro de contos "Vozes Anoitecidas".Em 1990 lonçou o livro de estórias com o nome,Cada Homem é uma Raça em 1992–Terra Sonâmbula, e em 1994 Estrias Abensonhadas.
Em 1996 o seu segundo romance,"A Varanda do Frangipani" no ano de1997 Contos do Nascer da Terra 1999 o romance "Vinte e Zinco".
Mia Couto também, escreve poemas que resultam do seu gosto pela arte da leitura.
O seu 1º livro publicado foi "O Último Voo do Flamingo" seguindo a sequência foi o seu quarto romance que apareceu no ano 2000.
Do ano 2000 até aos dias de hoje, já lançou vários livros, como sempre, com uma presença forte de uma linguagem facial e com o fim das estórias abertas para a criação do próprio leitor.
Várias obras de Mia Couto estão traduzidas em diversas línguas como Espanhol,  Francês      Italiano, Alemão, Sueco, Norueguês e Holandês.
Em  1999 foi galardoado pelo conjunto da obra com o prémio Vergílio Ferreira.
Em 2007 recebeu o prémio da União Latina de Literaturas Românticas.

vendredi 17 mars 2017

Mais um conto de António Torrado "O Macaco de Rabo Cortado".




Boa leitura!



Era uma vez um macaco mariola, que andava de bata e sacola, como se fosse para a escola. Mas não ia. Era tudo a fingir.Os rapazes, quando o viam passar, troçavam dele e gritavam:
– Macaco escondido com o rabo de fora… Macaco escondido com o rabo de fora…
Pois era. Realmente o rabo sobrava de bata e, muito comprido e retorcido, corria atrás do macaco para onde quer que e fosse.
Então o macaco entrou numa barbearia e pediu ao barbeiro que lhe cortasse o rabo. O barbeiro afiou a navalha e zaz! – rabo para um lado, macaco para o outro.
A operação deve ter doído, mas o macaco, que tinha tanto de vaidoso como de corajoso, não se importou. E de sacola e bata, muito empertigado, veio para a rua mostrar-se nos seus novos preparados.
Estavam uns homens à conversa, numa esquina. Quando o viram passar, um deles comentou:
– Macaco sem rabo é como um burro sem orelhas. Fica mais feio e fica mais minguado. Coitado!
O macaco ouviu-o, sentiu-se e correu ao barbeiro para lhe desenvolvesse o rabo. Talvez ainda pudesse ser cosido ou colado…
– Olha o macaco toleirão à procura do rabo. Que queria que eu lhe fizesse? Deitei-o fora e a camioneta do lixo levou-o – disse-lhe o barbeiro.
Aí o macaco zangou-se. E quando uma pessoa ou um macaco se zanga e perde a cabeça, faz disparates. Sem mais nem menos, agarrou numa das navalhas do barbeiro e disse:
– Nesse caso, levo-lhe a navalha com que me cortou o rabo. – E abalou.
Ia ele por uma rua, quando passou perto de uma peixeira.
– Que linda navalha traz o menino na mão- disse a peixeira.- Ó meu carinha de anjo não me quer dar a navalhita, para eu amanhar o meu peixe?
O macaco ficou todo derretido com as falas da peixeira e, já se vê, deu-lhe a navalha.
De mãos a abanar é que sabe bem passear…
Mas, passado tempo, veio-lhe a vontade de chamar outra vez sua á navalha e voltou atrás, à procura da peixeira.
– Olha o macaco paspalhão a perguntar pela navalha… Fique sabendo que não prestava para nada. Mal lhe peguei, para amanhar umas sardinhas, partiu-se – disse-lhe a peixeira.
Aí o macaco zangou-se. Zangou-se e fez outro disparate. Pegou numa canastra de sardinhas e abalou, dizendo:
– Nesse caso, levo-lhe as sardinhas com que me estragou a navalha.
Estava um padeiro à porta da padaria, quando o macaco passou com a canastra de sardinhas à cabeça.
– Psst, ó cavalheiro – chamou o homem, encostado á porta da padaria. – Um senhor tão distinto com sardinhas à cabeça não parece bem. Deixe-as cá ficar comigo, que tenho onde as guardar.
O macaco ficou sensibilizado com estas falas do padeiro, e, já se vê, deu-lhe as sardinhas.
Pois é. De mãos a abanar é que sabe bem passear…
Mas, passado um tempo, veio-lhe a vontade de chamar outra vez suas às sardinhas e voltou atrás, à procura do padeiro.
– Olha o macaco trapalhão a perguntar pelas sardinhas… Comias em cima do pão e estavam bem gostosas, fique sabendo- disse-lhe o padeiro.
Aí o macaco zangou-se. Zangou-se e fez outro disparate. Pegou num saco de farinha e atirou-o para os ombros, dizendo:
– Nesse caso, levo-lhe um saco de farinha com que fabrica o pão para comer as sardinhas. – E fugiu.
Estava uma senhora professora à janela da escola, a ver quem passava, enquanto as alunas brincavam no recreio. Passou o macaco com o saco às costas.
– Como ele vai carregado, o pobrezinho – disse a professora.
O macaco ficou comovido com estas falas da professora e, já se vê, deu-lhe o saco de farinha.
Pois é. De mãos a abanar é que sabe bem passear… Mas, passado tempo, veio-lhe a vontade de chamar outra vez seu ao saco de farinha e voltou atrás, à procura da professora.
– Olha o malcriadão do macaco a exigir o que ainda há bocado nos deu, sem que ninguém lhe pedisse. Da farinha amassámos bolos e as minhas meninas comeram-nos todos – disse a senhora professora.
Aí o macaco zangou-se. Zangou-se e fez outro disparate. Agarrou numa menina e fugiu com ela, dizendo:
– Nesse caso, levo-lhe uma menina que comeu os bolos da minha farinha.
Mas a menina, ao colo do macaco, não parava de chorar.
– Quero a minha mãe. Quero a minha mãe, dizia a menina.
O macaco condoeu-se e, já se vê, levou-a a casa da mãe, que lhe agradeceu muito o encargo. Até a menina, depois de se assoar e limpar os olhos, lhe fez uma festinha de amizade.
Pois é. De mãos a abanar é que sabe bem passear…
Mas, passado tempo, começou a sentir saudades da menina e voltou atrás, a saber dela.
– Querem lá ver o maganão do macaco que não para de rondar-me a casa- disse-lhe a mãe da menina. – A minha filha está a ajudar-me a lavar a roupa, que eu estou a estender, e se ainda quer saber mais vou chamar o meu marido, que anda na horta, e já lhe trata da saúde.
Aí o macaco zangou-se. Zangou-se e fez outro disparate. Agarrou numa camisa que estava estendida e abalou com ela, dizendo:
– Nesse caso, levo-lhe uma camisa fina lavada pela menina.
Estava um velho violeiro a trabalhar à porta da oficina, quando o macaco por ele passou, a correr.
– Senhor camiseiro, ó senhor camiseiro, deixe-me ver a sua mercadoria – disse-lhe o violeiro.
O macaco passou e aproximou-se do velhote, que vestia uma camisa muito estafada e cosipada.
– Parece de bom pano – disse o violeiro. – Só tenho pena que a minha bolsa não chegue a semelhante luxo. Afinal uma vida de trabalho não dá direito a camisa fina.
O macaco ficou impressionado com as falas do velhote e, já se vê, deu-lhe a camisa.
Pois é. De mãos a abanar é que sabe bem passear…
Mas, passado tempo, e como de costume, arrependeu-se e voltou atrás, á procura do violeiro.
– Olha o aldrabão do macaco que não me deixa em paz. A camisa não valia nem o trabalho de vesti-la. Era tão fina, que se rasgou toda, quando a pus. E se continua aí especado ainda lhe atiro com esta viola à cabeça – gritou-lhe o violeiro.
O macaco, isto ouvindo, arrancou a viola das mãos do velho e disse:
– Nesse caso, antes que a estrague na minha cabeça, levo-a eu inteira, que melhor me serve inteira do que partida.
E fugiu com a viola ao ombro.
– Agarra que é ladrão! – gritou o violeiro, correndo atrás dele.
O macaco trepou a uma árvore, saltou para uma varanda, subiu a um telhado e lá de cima espreitou cá para baixo.
Estava um grande ajuntamento na rua. Era o violeiro, o pai e a mãe da menina, a professora, o padeiro, a peixeira, o barbeiro e muita rapaziada. Todos apontavam para ele, cantando e troçando:
– Olha o macaco mariola
que de rabo fez navalha
da navalha fez sardinha
da sardinha fez farinha
da farinha fez menina
da menina fez camisa
da camisa fez viola
e agora deu à sola
e agora deu á sola.
O macaco no telhado repimpado pegou na viola e respondeu-lhes:
– Pois se agora dei à sola
Pois se agora vos fugi
É que a mim ninguém me enrola
E de mim ninguém se ri.
Timglintim, tinglintim.
Timglintim, timglintim.
Cá em baixo, continuava a surriada. Riam-se e cantavam para ele:
– Olha o macaco mariola,
estarola e gabarola
com pancada na cachola,
dá e tira, mata e esfola,
ora parte, ora cola,
ora mete para a sacola…
Dá a esmola, tira a esmola,
mariola, mariola
quem te meta na gaiola,
quem te meta na gaiola.
Mas o macaco no telhado respondia ao desafio:
– Não me metem na gaiola
que de mim ninguém se ri.
A tocar nesta viola,
tinglintim, tinglintim,
a dançar com castanholas
vou daqui para Madrid.
Sou macaco mariola
e rei do charivari,
porque a mim ninguém me enrola
e a tocar nesta viola
tinglintim, tinglintim
não tenham pena de mim.
Tinglintim, tinglintim
não tenham pena de mim,
tinglintim, tinglintim
não tenham pena de mim…
Foi-se embora o macaco…
Conto tradicional português de António Torrado 




Os alunos da turma de CM1 da escola Normandie-Niémen e da escola Jean Moulin de Montesson ouviram a leitura do conto. Em seguida,  contaram e recontaram a história, com a ajuda das imagens do livro.Completaram o seu estudo com a resolução de uma ficha de leitura. Depois, realizaram alguns desenhos relacionados com o assunto.


Aqui estão alguns exemplares.











História com cheiro a África "Ungali" de Elsa Serra.

Sobre a autora Elsa Serra


"Tudo parece impossível até que seja feito." (Nelson Mandela)

UM POUCO DO QUE SOU


As  histórias  acompanham-me desde que nasci, as que ouvia, escrevia e lia, e o bichinho ficou para sempre.
Em 1999, quando comecei a dinamizar ateliers de escrita criativa, com crianças de norte a sul do país em bibliotecas e escolas,  as histórias contadas estavam sempre lá.
Em 2012 publiquei o meu quarto livro, um dos vários sonhos realizados, o “Ungali”, pela Porto Editora, uma das primeiras histórias tradiconais que comecei a contar.  Antes nasceram outros sonhos, o “Quero ser Escritor – Manual de Escrita Criativa” (com Margarida Fonseca Santos), pela Oficina do Livro, em 2007, a Lua Ensonada, em 2004, e o Senhor das Barbas Brancas, em 2003; 
E tenho andado de sul a norte, dentro e fora, como contadora de histórias, dinamizadora de ateliês de escrita criativa e de expressão dramática. Tenho também colaborado com diversas entidades nomeadamente com a Fundação Calouste Gulbenkian, Direcção Geral do Livro e das Bibliotecas, o Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem, entre outras.  Mantenho colaboração regular com Centro Nacional de Cultura, Livraria Cabeçudos, Escrever Escrever, Evoé,  Chuva de Papel, e diversas Câmaras Municipais e Escolas, de norte a sul do País.

Os alunos dos professores Laura Barreira e Gilberto Varandas Iria leram uma das suas obras Ungali.









Para perceber o verdadeiro significado da palavra "Ungali", os alunos e professores  "viajaram"até à selva africana. A autora coloca-nos perante um enorme problema, desencadeado pela falta de chuva. Como consequência, os rios e as plantas secaram, e os animais da selva ficaram sem água e sem comida. Como será que vão resolver este problema? Qual será o animal mais corajoso, que salvará todos os outros? Serão eles suficientemente unidos e persistentes para lutarem pela sua sobrevivência?

Só no final da leitura deste livro, uma história baseada num conto tradicional do Quénia, é que percebemos a verdadeira dimensão de uma palavra tão "estranha". Esta é uma história onde a magia acontece! E há tantos momentos mágicos à nossa volta.


A história contada pela autora



Seguem algumas ilustrações feitas pelos alunos após a leitura da obra.